Quando Dostoiévski e um colar de pérolas possuem a mesma finalidade

sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Pessoas esnobes são bem chatas. Aquele tipo que se gaba por ter um carro caro, supervaloriza seus artigos de luxo, roupas, eletrônicos e não consegue viver sem exibir algo, sabe?

O triste é perceber que, por vezes, obras primas da humanidade são usadas com a mesma finalidade. É o caso daquele cara que gosta de se gabar por ter uma coleção de dvds ou uma biblioteca, ou parece competir quem leu mais livros ou viu mais filmes. Se tem uma coisa que eu aprendi é que não importa o número de filmes ou livros que você teve contato, mas sim o conhecimento e o sentimento que você pôde extrair dessa experiência.

Não vejo muita diferença entre os dois tipos de esnobes, mas talvez o “intelectual” no fundo seja mais estúpido. Afinal, o indivíduo tem excelentes referências e mesmo assim parece não absorver nada para própria evolução. Usar a cultura como quem usa um colar de pérolas por puro exibicionismo, de alguma forma transforma a cultura em um instrumento de segregação. Inconscientemente a pessoa tende a separar as pessoas por "Elite Intelectual" e o "Resto". Os que sabem e os que não sabem; Os que leram e os que não leram e etc. Ao invés de se criar uma cultura de disseminação cultural, a cultura se torna um artigo de luxo que a pessoa quer guardar para si em um cofre se possível e fazer uso dela para se sentir superior junto a sua meia dúzia de amigos.

E esse negócio de se sentir superior por qualquer motivo me parece nazista demais para ser saudável.

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