Quando Dostoiévski e um colar de pérolas possuem a mesma finalidade

sexta-feira, 1 de outubro de 2010 0 comentários
Pessoas esnobes são bem chatas. Aquele tipo que se gaba por ter um carro caro, supervaloriza seus artigos de luxo, roupas, eletrônicos e não consegue viver sem exibir algo, sabe?

O triste é perceber que, por vezes, obras primas da humanidade são usadas com a mesma finalidade. É o caso daquele cara que gosta de se gabar por ter uma coleção de dvds ou uma biblioteca, ou parece competir quem leu mais livros ou viu mais filmes. Se tem uma coisa que eu aprendi é que não importa o número de filmes ou livros que você teve contato, mas sim o conhecimento e o sentimento que você pôde extrair dessa experiência.

Não vejo muita diferença entre os dois tipos de esnobes, mas talvez o “intelectual” no fundo seja mais estúpido. Afinal, o indivíduo tem excelentes referências e mesmo assim parece não absorver nada para própria evolução. Usar a cultura como quem usa um colar de pérolas por puro exibicionismo, de alguma forma transforma a cultura em um instrumento de segregação. Inconscientemente a pessoa tende a separar as pessoas por "Elite Intelectual" e o "Resto". Os que sabem e os que não sabem; Os que leram e os que não leram e etc. Ao invés de se criar uma cultura de disseminação cultural, a cultura se torna um artigo de luxo que a pessoa quer guardar para si em um cofre se possível e fazer uso dela para se sentir superior junto a sua meia dúzia de amigos.

E esse negócio de se sentir superior por qualquer motivo me parece nazista demais para ser saudável.
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Meu Deus, o prefeito é uma drag!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010 1 comentários

Hoje eu entendo porque os humoristas foram proibidos de fazer piada sobre políticos durante a eleição, os políticos não querem concorrência. O pior é que eu tenho que admitir que comparando ao nível dos programas humorísticos da TV brasileira, o horário político é hilário e o Tiririca é o Carcareco ou o Macaco Tião da vez.

O sensacional é que hoje li uma matéria sobre o prefeito de Reykjavik - capital da Islândia -, um tal de Jon Gnarr. O camarada era baixista de uma banda punk, humorista e fanfarrão profissional, fundou um partido chamado “Melhor Partido” e se candidatou fazendo promessas de toalhas gratuitas e ursos polares no Zoo da cidade. Resumidamente, a campanha do cara e as suas declarações mais parecem um esquete do Monty Python.

Muito bem, a Islândia que tem uma Primeira Ministra assumidamente lésbica e já elegeu um ex-humorista como Primeiro Ministro, elegeu Jon Gnarr com 34,7% dos votos sem o menor peso na consciência. O mais maravilhoso de tudo é que pelo que ando lendo o cara tá mandando bem, pelo menos por enquanto, e tem quase 80% de aprovação popular. Convenhamos que aprovação popular não quer dizer grande coisa considerando a aprovação do governo Lula. Mas achei interessante a forma de governar do tal de Jon Gnarr, ele mantém a comunicação aberta com a população através do Facebook e realiza plebiscitos pela rede social.

Por vezes sinto falta desse ar novo na política brasileira, se é que vocês me entendem. Não acho necessário que os políticos apareçam vestidos como drags como nosso querido Jon Gnarr e muito menos acho ele um modelo, mas me refiro a algumas mudanças de comportamento e mentalidade. Um modo de pensar novo, menos quadrado e mais humano. Humano de verdade, não só no slogan.

Eu realmente não entendo o que leva o brasileiro a escolher um candidato. As pessoas ou votam em alguma celebridade bizarra ou em algum macaco (não o Tião) velho que já roubou até nossas calças. Então eu me lembro, os governantes são, em parte, um retrato do povo. Mas que os habitantes héteros de Reykjavik não se ofendam ao ler essa frase e ver a foto acima.
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A Confraria das Donas de Casa Maçônicas

quarta-feira, 15 de setembro de 2010 0 comentários
Elas são senhoras de aparência amável. Porém, por trás de inofensivas reuniões domiciliares para vender conjuntos de Tupperware e cosméticos o destino mundial é decidido.

A Confraria das Donas de Casa Maçônicas é a sociedade secreta mais secreta do mundo. Tão secreta que nem a própria maçonaria sabe que ela existe. Tão secreta que até mesmo algumas integrantes não sabem que ela existe - talvez por conta da idade avançada e falta de lucidez de algumas delas, mas enfim todo esse segredo só foi possível graças ao sigilo das mui respeitosas senhoras que a constituem.

A sociedade nasceu com o inconformismo por não poderem participar das sociedades secretas. Para quem não sabe, as sociedades secretas geralmente são formadas só por homens. Porém, isso não deteu os ímpetos dessas intrépidas senhoras com seus rolos de macarrão e seus bobs no cabelo, que se uniram e fundaram a Confraria das Donas de Casa Maçônicas, organização que manipula a ordem mundial e toma decisões que influenciam o destino da humanidade. Quem você acha que decide o final da novela das oito? O fato de o número de reuniões da Avon e os bingos beneficentes aumentarem proporcionalmente à proximidade do fim da novela pode comprovar algo.

Afora o comportamento manipulador da organização, devemos admitir que é admirável o grande comprometimento entre as integrantes da Confraria. Por exemplo, caso falte leite condensado para uma das integrantes fazer o seu pudim dominical, a irmã mais próxima fornece o leite condensado sem hesitar.

No ano de 1864, com o crescimento acelerado da sociedade foi necessário pensar em algo para as integrantes se identificarem sem perder o sigilo, algo como um cumprimento especial ou alguma marca no corpo. A Grã-Mestra Carmelita Alves, da Cozinha Maçônica de Lisboa, propôs que todas irmãs (epíteto carinhoso entre as integrantes) fossem circuncisadas. Após 3 dias de reunião sem encontrar o quê circuncisar nas irmãs, foi convencionado que elas se identificariam através de 3 acenos de mão, 3 pulos rápidos e gritando: LAMBDA! LAMBDA! LAMBDA!
Comprovando a teoria de que o número 3 possui forte simbologia para as senhoras.

Confesso que publicar esse post está sendo um ato de coragem, considerando as ameaças que recebo diariamente desde que descobri as intenções dessa organização. Mas acredito que todos precisam saber que aquelas aparentemente doces senhoras podem estar tramando algo muito maior do que bingos beneficentes e reuniões da Avon!
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O Senhor da Mesa do Canto

quarta-feira, 23 de junho de 2010 0 comentários
Não há motivos para tanta hesitação. Deus existe? Existe! Deus é um senhor no canto de uma cafeteria lendo jornal e tomando seu capuccino discretamente. Observa a tudo e a todos. Tranquilamente ele abre um sorriso irônico quando alguém duvida de sua existência e fecha a cara quando vê algo profundamente reprovável. Ele não é autoritário e nem te castiga. Ele meramente observa, lê seu jornal e deixa tudo fluir sem que percebamos que ele está ali, na mesa do canto. Ele realmente se decepciona ao ver que você reclama tanto dos seus problemas, que na sua maioria, são criados por você mesmo. E para provar que é gente de bem, ele se recusa a usar cinto, afinal cinto de pai não traz boa recordação. Ele usa boina e suspensóro. E continua a ler as tirinhas no jornal de domingo, porque sabe que por mais que ele lhe diga: "Amigo, seu tênis está desamarrado!", por vezes, você só vai amarrá-lo depois de dar com a cara no chão.
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Você devia procurar um especialista²...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010 0 comentários
Charlie Brown & Kafka
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Você devia procurar um especialista...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010 0 comentários
Charlie Brown & Freud
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O Reino da Ponta do Seu Nariz

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010 2 comentários
à Thaísa, a Rainha da Ponta do meu Nariz.

- Bom dia, Crianças! Me chamo Alice e guiarei vocês pelo passeio de hoje!

- Bom dia, Alice! - Gritaram as efusivas crianças.

- Adiante vocês podem ver um cruzamento, onde terão que escolher o caminho da direita ou da esquerda. As placas indicam o caminho da direita. Mas, garotos e garotas, não se percam ao seguir as placas! Elas são temperamentais e costumam mentir! Eu, particularmente indico o outro caminho.

- Mas o outro caminho é uma estrada de terra! Vai sujar nossas roupas! Acho que é melhor ir pelo caminho asfaltado.- disse o garoto de camisa listrada.

- A terra é mais limpa que o asfalto, garotinho! Além disso, mais adiante, essa estrada asfaltada está cheia de buracos. E na estrada de terra as pessoas irão aceitar suas esquisitices e você não vai precisar esconder que gosta de tomar banho de chapéu, por exemplo. Se você quiser andar com as roupas mais fora de moda, ninguém irá te julgar!

- Não sei! Eu não tenho esquisitices. E no caminho asfaltado todos usam camisas listradas e terno, assim como meu pai, meu avô e a maioria das pessoas. E eu acho patético andar com roupas tão fora de moda e diferentes. Parece que as pessoas estão se fantasiando.

Alice riu alto e disse:

- Pequeno, me diga, você considera fantasia um disfarce? Uma máscara? Algo que você não é?

- Sim.

- Pois bem, as pessoas da estrada de terra se vestem de forma diferente porque assim querem e sentem vontade. Elas são assim. Não seria maior a fantasia desses homens que em pleno calor e desconforto usam, obrigados por convenções, seus ternos e suas camisas listradas meramente como uma máscara, um disfarce? Sendo que sinceramente, em seu âmago, eles gostariam de estar usando chinelos e bermuda?

- Mas na placa também diz que no final vamos encontrar um potão de ouro e ganhar uma coroa dourada de lembrança do passeio! - insiste o garoto de camisa listrada.

- Oras, mas para que coroa? Para ser rei do quê? Além do mais, no final do outro caminho vocês serão verdadeiros reis, e sem coroas.

- Reis do quê? - pergunta o menino

- Reis da ponta do seu nariz. O único reino que deve pertencer a vocês.

Imediatamente as crianças ficaram vesgas para enxergar as pontas de seus narizes, analisando se aquele reino valeria a pena. Pedro, o garoto narigudo, expressava em sua cara de orgulho a sensação de recompensa após anos de gozação, sentindo-se agora dono do reino mais considerável. Alice se deliciou com a cena, mas logo interrompeu bradando:

- Amiguinhos! Não vamos perder tempo, quem deseja seguir o caminho asfaltado por favor vá até o guichê para se matricular, assinar o contrato e pagar a inscrição. Quem decidiu ir pela estrada de terra, pode me seguir!
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